I.
Com a cadência regular de um relógio suíço o nosso quotidiano é invadido por notícias com foco na criminalidade económica, nomeadamente na corrupção.
Nas áreas de risco, onde estão em causa grandes interesses económicos e decisões de enorme relevância na vida colectiva, que deveriam ser pautadas unicamente pelo bem comum, pululam indícios duma submissão à lógica dos interesses privados e ilegítimos. A degradação da qualidade, e da ética, no comportamento de alguns dos decisores públicos tem, como contraponto, uma sociedade civil, muitas vezes ausente e distante, entretida no palco que lhe é oferecido na discussão das denominadas “questões fracturantes” que, com frequência, mais não são do que “jogos de sombras” que ocultam questões bem mais complexas, e fundamentais, onde se joga o nosso destino colectivo. Uma sociedade civil com fraca capacidade de intervenção, e pouca sensibilidade perante questões fundamentais do Estado de Direito, fica indefesa perante a captura deste.